O governo português divulgou esta semana, o cenário macroeconómico para 2009. Depois das previsões enunciadas pelo Banco de Portugal e do FMI, Teixeira dos Santos, sem nos surpreender por isso, mostrou-se mais optimistas que aquelas instituições.
Há razões para o ministro estar mais optimista que o Banco de Portugal e que o FMI? Porquê esta reincidência do governo em atenuar os cenários negativos?
Todos sabemos que na base da estratégia do governo, ao divulgar índices macroeconómicos mais altos que o Banco de Portugal e o FMI, objectivamente encontram-se razões de natureza política: Aproxima-se um calendário eleitoral exigente, com três eleições sucessivas e o partido do governo tem como objectivo sair vencedor em toda a linha. Divulgar os índices macroeconómicos mais baixos dos últimos trinta e cinco anos, ainda que supostamente justificados pela ocorrência da maior “crise económica e financeira global das nossas vidas”, compreensivelmente não se deve constituir, por si só, uma tarefa agradável para o ministro.
Mas a explicação dada por Teixeira dos Santos, é que os números divulgados pelo governo são diferentes porque beneficiam de informações mais actualizadas, dando como exemplos destas, algumas elações, decorrentes de afirmações proferidas pelos responsáveis do BCE e da FED, de que existem sinais indiciadores da aproximação do ponto de viragem da crise económica mundial.
Haverá sinais de retoma na economia mundial, como afirmam os presidentes do FED e do BCE?
Alguns analistas confirmam que o declínio económico dá sinais de abrandamento e asseguram que grande parte do sistema finaneiro estará a sobreviver à crise. No entanto, consideram prematuro e ainda sem sustentabilidade credível, antecipar previsões sobre o ponto de viragem. Percebe-se que a acção concertada dos presidentes do BCE e do FED, tiveram como objectivo claro e também compreensível, fornecer ao mercado expectativas positivas, para que se criem as condições necessárias à restituição da confiança.
Uma das tarefas que cabe aos bancos centrais é promover a confiança e o aumento da produtividade em tempo de crise. Como? Convencendo os agentes económicos a inverter a espiral descendente: À medida que os consumidores preocupados com o futuro vão decidindo poupar mais dinheiro e gastar menos, as empresas reduzem o investimento, produzem menos e vão despedindo trabalhadores. O desemprego crescente deprime o rendimento, o que faz diminuir ainda mais a procura, continuando assim a espiral descendente. Há por isso a necessidade imperiosa de contrariar esta tendência, de modo a invertê-la.
No caso de Portugal, a espiral não será invertida nem com números dados por Teixeira dos Santos, nem com expectativas vindas do Banco Central Europeu. Portugal é uma economia aberta, com uma dependência externa crescente e com problemas estruturais profundos, sendo que o governo, na actual conjuntura internacional e no contexto da UE, não dispõe nem de recursos, nem de mecanismos suficientes para agir.
Para sermos justos, temos que reconhecer a impotência instrumental do governo actuar com eficácia junto da economia: Para além de dar apoios sociais às vítimas da crise (os desempregados) e manter algum investimento público, procurando manter sustentáveis os principais índices macroeconómicos, pouco mais poderá fazer, sem que, antes se verifique, a recuperação económica do resto do mundo, do qual dependemos.
Um dia, quando finalmente se verificarem as condições vindas do exterior, para o início da recuperação económica do nosso país, será extraordinariamente relevante o estado em que estiverem não só as finanças públicas da nação, mas também a credibilidade externa da economia portuguesa. Por isso a minha preocupação aumenta face ao crescente agravamento do cenário macroeconómico dos últimos meses e à possibilidade deste se acentuar, devido a eventuais pressões eleitoralistas dos próximos tempos.
Uma das tarefas que cabe aos bancos centrais é promover a confiança e o aumento da produtividade em tempo de crise. Como? Convencendo os agentes económicos a inverter a espiral descendente: À medida que os consumidores preocupados com o futuro vão decidindo poupar mais dinheiro e gastar menos, as empresas reduzem o investimento, produzem menos e vão despedindo trabalhadores. O desemprego crescente deprime o rendimento, o que faz diminuir ainda mais a procura, continuando assim a espiral descendente. Há por isso a necessidade imperiosa de contrariar esta tendência, de modo a invertê-la.
No caso de Portugal, a espiral não será invertida nem com números dados por Teixeira dos Santos, nem com expectativas vindas do Banco Central Europeu. Portugal é uma economia aberta, com uma dependência externa crescente e com problemas estruturais profundos, sendo que o governo, na actual conjuntura internacional e no contexto da UE, não dispõe nem de recursos, nem de mecanismos suficientes para agir.
Para sermos justos, temos que reconhecer a impotência instrumental do governo actuar com eficácia junto da economia: Para além de dar apoios sociais às vítimas da crise (os desempregados) e manter algum investimento público, procurando manter sustentáveis os principais índices macroeconómicos, pouco mais poderá fazer, sem que, antes se verifique, a recuperação económica do resto do mundo, do qual dependemos.
Um dia, quando finalmente se verificarem as condições vindas do exterior, para o início da recuperação económica do nosso país, será extraordinariamente relevante o estado em que estiverem não só as finanças públicas da nação, mas também a credibilidade externa da economia portuguesa. Por isso a minha preocupação aumenta face ao crescente agravamento do cenário macroeconómico dos últimos meses e à possibilidade deste se acentuar, devido a eventuais pressões eleitoralistas dos próximos tempos.
Cenário Macro para 2009 divulgados pelo governo
-PIB: -3,4% em 2009, contra 0% em 2008. Sendo que -1,4% do consumo, -14,1 do investimento, -11,8% das exportações e -11,1% das importações.
- Défice orçamental: 5,9% do PIB previstos para 2009 contra 2,6% do PIB em 2008;
-Dívida pública: 74,6% do PIB em 2009, contra 66,2% do PIB em 2008;
-Desemprego: cerca de 9% em 2009, contra cerca de 7,6% em 2009;
-Inflação: 0,1% em 2009, contra 2,6% em 2008.
-PIB: -3,4% em 2009, contra 0% em 2008. Sendo que -1,4% do consumo, -14,1 do investimento, -11,8% das exportações e -11,1% das importações.
- Défice orçamental: 5,9% do PIB previstos para 2009 contra 2,6% do PIB em 2008;
-Dívida pública: 74,6% do PIB em 2009, contra 66,2% do PIB em 2008;
-Desemprego: cerca de 9% em 2009, contra cerca de 7,6% em 2009;
-Inflação: 0,1% em 2009, contra 2,6% em 2008.
Serrone
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