"Esta não é uma qualquer crise, esta é maior crise das nossas vidas”. Há quem esteja a fazer prognósticos baseados em modelos comparativos do comportamento das crises passadas. Esses vão falhar redondamente nas suas previsões. A severidade desta crise está no facto dela estar sincronizada em termos mundiais e envolver a conjugação de várias espirais negativas: A acentuada queda do valor de activos sobrevalorizados insustentavelmente no passado, afectando directamente a riqueza das empresas e das famílias. A falta de confiança generalizada afectando directamente o consumo de bens e serviços. A diminuição drástica do investimento resultante da diminuição da procura interna e externa. O inevitável aumento do desemprego e de problemas sociais. A existência de produtos tóxicos disseminados no sistema financeiro mundial. Se a tudo isto somarmos a acentuada contracção do crédito e os défices elevados das principais economias ocidentais, percebemos que não há nenhum factor positivo, capaz de puxar pela economia.
Tecnicamente a crise global só terminará quando as principais economias deixarem de estar em recessão e começarem a crescer de novo. Começando a responder à pergunta, garanto-vos que ninguém no planeta está em condições de poder adiantar prognósticos credíveis sobre o fim da crise, embora esta, supostamente, não vá durar para sempre.
Dominique Strauss- Khan, director geral do FMI, afirmou que “A recessão da economia mundial vai ser profunda e longa e a recuperação será lenta e fraca”. Olivier Blanchard, com as funções de economista-chefe do FMI, divulgou esta semana, projecções de perdas de crescimento da economia mundial para 2009, muito superiores às que haviam sido estimadas no final do ano passado. Recordo que para os Estados Unidos estava previsto uma queda no crescimento de 0,7%, actualizada agora para 3,8% e para a zona euro, previa-se uma contracção média de apenas 0,4%, hoje prevê-se que esta seja de 4,2%.
Barry Eichengreen, professor na Universidade da Califórnia, que está fazer um estudo comparativo desta crise com a Grande Depressão de 1929, afirma que a recessão actual é mais profunda, se for comparado no mesmo período de tempo. O que ele nos quer transmitir é que as quebras actuais no comércio internacional, na produção industrial mundial e nas mercados bolsistas mundiais, são muito mais acentuadas do que se verificou, no mesmo período de tempo decorrido, a quando da Grande Recessão.
Tecnicamente a crise global só terminará quando as principais economias deixarem de estar em recessão e começarem a crescer de novo. Começando a responder à pergunta, garanto-vos que ninguém no planeta está em condições de poder adiantar prognósticos credíveis sobre o fim da crise, embora esta, supostamente, não vá durar para sempre.
Dominique Strauss- Khan, director geral do FMI, afirmou que “A recessão da economia mundial vai ser profunda e longa e a recuperação será lenta e fraca”. Olivier Blanchard, com as funções de economista-chefe do FMI, divulgou esta semana, projecções de perdas de crescimento da economia mundial para 2009, muito superiores às que haviam sido estimadas no final do ano passado. Recordo que para os Estados Unidos estava previsto uma queda no crescimento de 0,7%, actualizada agora para 3,8% e para a zona euro, previa-se uma contracção média de apenas 0,4%, hoje prevê-se que esta seja de 4,2%.
Barry Eichengreen, professor na Universidade da Califórnia, que está fazer um estudo comparativo desta crise com a Grande Depressão de 1929, afirma que a recessão actual é mais profunda, se for comparado no mesmo período de tempo. O que ele nos quer transmitir é que as quebras actuais no comércio internacional, na produção industrial mundial e nas mercados bolsistas mundiais, são muito mais acentuadas do que se verificou, no mesmo período de tempo decorrido, a quando da Grande Recessão.
Será que os sinais positivos vindos da América, poderão constituir-se com um sinal de esperança para eles e para os países da União Europeia?
(Parece reunir consensos entre os especialistas, o princípio que só irá haver retoma na União Europeia, alguns meses depois desta se ter verificado nos Estados Unidos).
Nos últimos dias, verificaram-se sinais de subida nos mercados de capitais, interpretados por alguns analistas, como sendo prenúncios de antecipação de um novo ciclo económico. Isto aliado ao facto dos bancos americanos, terem apresentado melhores resultados nos três primeiros meses deste ano e de se ter verificado um ligeiro aumento na compra de automóveis e na aquisição de casas, levou o Presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke, a afirmar: “ Recentemente temos visto alguns sinais de que o declínio agudo na actividade económica pode estar a abrandar”. Até Barak Obama, que é sempre muito cauteloso, afirmou “ existirem raios de esperança na economia”
Mas mais uma vez, infelizmente, a resposta que vou dar à pergunta inicial é negativa. Não são ainda sinais de esperança. Quanto muito, esta ligeira mudança dá-nos indicações que a crise não será para sempre. Nos Estados Unidos, embora a taxa de declínio económico, tenha abrandado nas últimas semanas, a meu ver, ainda não se pode afirmar que se trata de um início de recuperação. Existem problemas estruturais de enorme gravidade por resolver naquele país. Os bancos americanos estão inundados de activos tóxicos e, como já vos tenho dito, a crise nunca será vencida enquanto não for ultrapassada a insuficiente capitalização dos bancos, para que o crédito volte a fluir. Os números conhecidos do colapso financeiro desta crise, são piores do que os verificados na década de 30 do século XX. No relatório de Estabilidade Financeira Global do FMI, estima-se que o total de perdas no sector financeiro deverá ascender a 4,1 biliões de dólares (3,2 biliões de euros). Alguns analistas já comentaram este número dizendo que a próxima previsão poderá ser muito superior a esta.
As medidas que os diversos governos têm lançado, designadamente os estímulos macroeconómicos e a injecção de capitais públicos em bancos, estão muito longe de poder fazer face à precariedade do sistema financeiro. Poderá ser necessário muito tempo, até que o sistema financeiro global esteja devidamente saneado. O pior é que os elevados défices orçamentais, a dívida crescente dos Estados Unidos e dos países da zona euro e Inglaterra, não dão grande margem de manobra aos seus governos, para estes continuarem a intervir.
Segundo Martin Wolf, colunista do Financial Times, “a economia não pode regressar ao ponto de partida em que se encontrava antes da crise, por que ficou cabalmente provada a sua insustentabilidade”. Segundo este brilhante analista, “neste momento inicia-se um longo e penoso processo de reestruturação e desalavancagem”.
Vivemos por isso tempos de incerteza, sendo que a maior incerteza de todas é precisamente a data do fim da crise.
(Parece reunir consensos entre os especialistas, o princípio que só irá haver retoma na União Europeia, alguns meses depois desta se ter verificado nos Estados Unidos).
Nos últimos dias, verificaram-se sinais de subida nos mercados de capitais, interpretados por alguns analistas, como sendo prenúncios de antecipação de um novo ciclo económico. Isto aliado ao facto dos bancos americanos, terem apresentado melhores resultados nos três primeiros meses deste ano e de se ter verificado um ligeiro aumento na compra de automóveis e na aquisição de casas, levou o Presidente da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke, a afirmar: “ Recentemente temos visto alguns sinais de que o declínio agudo na actividade económica pode estar a abrandar”. Até Barak Obama, que é sempre muito cauteloso, afirmou “ existirem raios de esperança na economia”
Mas mais uma vez, infelizmente, a resposta que vou dar à pergunta inicial é negativa. Não são ainda sinais de esperança. Quanto muito, esta ligeira mudança dá-nos indicações que a crise não será para sempre. Nos Estados Unidos, embora a taxa de declínio económico, tenha abrandado nas últimas semanas, a meu ver, ainda não se pode afirmar que se trata de um início de recuperação. Existem problemas estruturais de enorme gravidade por resolver naquele país. Os bancos americanos estão inundados de activos tóxicos e, como já vos tenho dito, a crise nunca será vencida enquanto não for ultrapassada a insuficiente capitalização dos bancos, para que o crédito volte a fluir. Os números conhecidos do colapso financeiro desta crise, são piores do que os verificados na década de 30 do século XX. No relatório de Estabilidade Financeira Global do FMI, estima-se que o total de perdas no sector financeiro deverá ascender a 4,1 biliões de dólares (3,2 biliões de euros). Alguns analistas já comentaram este número dizendo que a próxima previsão poderá ser muito superior a esta.
As medidas que os diversos governos têm lançado, designadamente os estímulos macroeconómicos e a injecção de capitais públicos em bancos, estão muito longe de poder fazer face à precariedade do sistema financeiro. Poderá ser necessário muito tempo, até que o sistema financeiro global esteja devidamente saneado. O pior é que os elevados défices orçamentais, a dívida crescente dos Estados Unidos e dos países da zona euro e Inglaterra, não dão grande margem de manobra aos seus governos, para estes continuarem a intervir.
Segundo Martin Wolf, colunista do Financial Times, “a economia não pode regressar ao ponto de partida em que se encontrava antes da crise, por que ficou cabalmente provada a sua insustentabilidade”. Segundo este brilhante analista, “neste momento inicia-se um longo e penoso processo de reestruturação e desalavancagem”.
Vivemos por isso tempos de incerteza, sendo que a maior incerteza de todas é precisamente a data do fim da crise.
Serrone
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