sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A Era da Sociedade Pós Capitalista


Introdução

Peter F. Druker é considerado o pai da Gestão Moderna. Autor de cerca de 30 obras de referência, dá aulas de Ciência Política e Gestão na Claremont Graduate School (Califórnia), transformada no seu centro de Gestão para Peter F. Drucker Graduate School of Management.


A sua obra Post Capitalist Society foi escrita em 1993 e apesar disso continua surpreendentemente actual. Dando-nos uma visão histórica, Peter F. Drucker ajuda-nos a compreender a evolução da sociedade capitalista para a actual sociedade do conhecimento. Permite-nos compreender o presente e proporciona-nos uma curiosa visão do futuro.

Neste breve artigo, que ousei empreender, é relevado o papel do conhecimento no que concerne à sua evolução na transformação da sociedade, atendendo a uma perspectiva marcadamente económica.

Ciclicamente, as sociedades transformam-se reorganizando-se, dando lugar a mundo novo. “Quem nasce nessa altura não consegue sequer imaginar o mundo em que viveram os avós e em que nasceram os pais” (Peter F. Drucker – Post Capitalist Society, 1993).

Um pouco de história

Assistimos em tempo real a uma nova transformação, a da sociedade de organizações, cujo principal recurso é o conhecimento. Peter F. Drucker chama a esta nova era a “ sociedade pós capitalista”.

A última transformação do género, havia ocorrido no início da segunda metade do Século XVIII, dando origem à era da sociedade capitalista. Na sociedade capitalista, os factores de produção foram o capital, a terra e o trabalho.

Antes de 1750, o conhecimento, tanto no ocidente, como no oriente, sempre foi encarado como dirigido ao ser. O objectivo do conhecimento era o autoconhecimento e o autodesenvolvimento. O resultado que se pretendia obter passava-se ao nível do interior do indivíduo.

Em 1750, com a reinvenção da máquina a vapor e a sua utilização como fonte eficaz de energia, deu-se o início ao capitalismo e simultaneamente à revolução industrial. O conhecimento começou a ser aplicado ao fazer.

Na segunda fase do capitalismo, que começou em 1880 e culminou no final da 1.ª guerra mundial, o conhecimento apareceu com um novo significado aplicado ao trabalho, produzindo a “Revolução da Produtividade”. Como se sabe, Taylor foi o grande obreiro do conceito de produtividade.
Graças aos princípios que estabeleceu, foi possível espalhar a riqueza também aos trabalhadores detentores do conhecimento e não só aos capitalistas como até ai, deixando os primeiros de ser proletários, para passarem a ser burgueses, tornando-se assim estes, os verdadeiros beneficiados do capitalismo.

Face ao exposto, segundo Peter F. Drucker, subjacentes às três fases da alteração do conhecimento estão a Revolução Industrial, Revolução da Produtividade e Revolução da Gestão.

A “Revolução da Gestão”

Esta nova transformação que teve inicio após a segunda guerra mundial e, defende Peter F. Drucker, terá a sua máxima força, provavelmente na segunda década do século XXI. Nesta sociedade, que já existe, os factores de produção são os trabalhadores do conhecimento e dos serviços.

O autor chama a esta fase a “Revolução da Gestão”. O conhecimento está a ser sistematicamente utilizado com o propósito de definir que novo conhecimento é necessário, se é funcional, e o que se deve fazer para o tornar eficaz. Por outras palavras, o conhecimento está a ser utilizado na inovação sistemática. “O conhecimento é aplicado ao próprio conhecimento”.

Como é que o conhecimento é aplicado ao próprio conhecimento?

A pergunta em título tem três respostas possíveis:

1.ª resposta - Melhoramento contínuo do processo, do serviço e do produto.
2.ª resposta -Exploração contínua do conhecimento existente para desenvolver novos e diferentes produtos, processos e serviços.
3.ª resposta -Inovação genuína.

Que teoria económica se pode aplicar à sociedade do conhecimento?

A primeira grande dificuldade será quantificar o conhecimento, avaliar a produtividade (rendimento) do conhecimento.

O que é o rendimento do conhecimento?

Em boa verdade ainda ninguém pode responder a esta pergunta. Não podemos ter uma teoria económica se não houver um modelo que traduza os acontecimentos económicos em relações quantitativas. Sem ele, não há a possibilidade de fazer uma escolha racional e como já dissemos neste espaço, escolhas racionais é o que se trata em economia.

Peter F. Drucker fala-nos do conhecimento como recurso económico, mas todas as teorias económicas existentes, seja Kenesiana, neokeynesiana, clássica ou neoclássica, não assentam os seus postulados neste recurso.

Estas teorias fazem depender a economia ou do consumo ou do investimento: Keynesianos e neokeynesianos fazem-na depender do consumo; clássicos e neoclássicos afirmam que depende do investimento.
Na economia do conhecimento, nenhum destes factores parece assumir o controlo. Com rigor, não há indício de que um maior consumo na economia conduza a uma maior produção do conhecimento, ou que um maior investimento o faça.

Do exposto se conclui que é necessária uma nova teoria económica que coloque o conhecimento no centro do processo. “Só essa nova teoria poderá explicar a economia actual, o crescimento económico e a inovação ”.
Exigências da Gestão

Até se conseguir descobrir a teoria económica da produtividade do investimento no conhecimento, o que poderá nunca vir a acontecer, temos que adoptar as melhores práticas de gestão nas nossas organizações para tornar o conhecimento cada vez mais produtivo, a partir daquilo que já é conhecido.

Um dos grandes erros de gestão é não se mobilizar os múltiplos conhecimentos de que se dispõe. Por outras palavras, a maior parte do conhecimento disponível não é tornado produtivo, permanecendo apenas como informação.

O conhecimento é universal e a capacidade competitiva de uma organização, de um país ou de uma região estará cada vez mais condicionada ao desempenho da sua gestão, ou seja à maior ou menor facilidade de tornar o conhecimento produtivo.

Serrone

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008



Vivemos um mundo pós-americano, segundo Fareed Zakaria

Introdução:

Em Maio de 2008 foi publicado mundialmente o livro The Post-American, escrito por Fareed Zakaria. Segundo este eminente jornalista, vivemos actualmente num mundo pós-americano. Ao longo de 7 capítulos, Fareed Zacaria faz uma brilhante análise geopolítica e económica que marcaram os acontecimentos da segunda metade do segundo milénio e que marcam o início do século XXI. É-nos dada uma visão histórica das conjunturas e das estruturas de poder, bem como das dimensões - político-económicas, sociais e culturais - de uma realidade que moldou e está moldar o nosso mundo tal como hoje o conhecemos.

Poderemos não concordar no todo ou em parte com a sua análise dos factos e sobre a sua visão da nova distribuição de poder do mundo, mas a sua leitura é essencial e imprescindível para a nossa própria interpretação e análise.

É pois com modéstia que se apresenta uma súmula de alguns dos aspectos mais relevantes do livro, não se devendo dispensar a sua leitura integral.


Fareed Zakaria é doutorado em Ciência Política pela Universidade de Harvard. Foi considerado uma das vinte e uma personalidades mais importantes do século XXI pela revista Esquire e um dos cem intelectuais mais influentes do mundo pelas revistas Foreign Policy e Pospect.
Foi editor executivo de Foreign Affairs e é, desde 2000, o editor da revista Newsweek Internacional.

A terceira grande mudança na era moderna


Segundo Fareed Zakaria, na era moderna, ocorreram três mudanças fundamentais na distribuição do poder que modificaram profundamente a vida internacional.

1.ª – A ascensão do mundo ocidental e o domínio político prolongado das nações ocidentais que começou no século XV com os descobrimentos dos caminhos marítimos e que teve a sua máxima expansão no século XVIII. Esta ascensão produziu a modernidade tal como a conhecemos hoje (a ciência e a tecnologia, o comércio e o capitalismo, as revoluções agrícolas e industrial).

2.ª – A segunda mudança teve lugar nos finais do século XIX com a ascensão dos Estados Unidos. Após a sua industrialização os Estados Unidos dominaram a cena económica, política, científica e cultural durante todo o século XX.

3.ª – Segundo F. Zakaria, actualmente estamos a viver a terceira grande mudança de poderes denominada “ascensão dos demais”.

O sistema internacional que está a emergir é provavelmente diferente de todos os que o procederam. A nível político-militar, continuamos a viver num mundo de apenas uma superpotência. No entanto, em todas as outras dimensões – industrial, financeira, educacional, social e cultural, a distribuição está a mudar afastando-se do domínio americano, definido e dirigido de muitos lugares e por muitas pessoas.

Nas últimas décadas, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, muitos países perceberam que havia só uma única forma básica de organizar a sua economia, a liberalização e de abertura ao mercado. Esta mudança ideológica no domínio da economia foi ganhando forma durante os anos 70 e 80, antes da queda do muro de Berlim.

A força financeira que dinamizou a nova era, ocorrida durante essas duas décadas, foi a liberalização dos movimentos de capitais que impulsionou a sua oferta vasta e crescente em todo o mundo.

A globalização trouxe à cena internacional outras grandes potências que irão ter um papel crescente mais importante. Na Ásia, a China, a Índia, o Japão e a Indonésia. Na América do Sul, o Brasil e o México. No continente africano a África do Sul. Também a Rússia quer recuperar o estatuto perdido pelo ex-bloco soviético.

O mundo está a modernizar-se e americanizar-se. Os países estão a tornar-se mais abertos ao mercado e mais democráticos. A ascensão dos demais fará com que o peso relativo dos Estados Unidos seja menor e que o seu espaço de acção diminua.

A ascensão dos demais, embora real, é um processo longo e lento. À medida que a China, a Índia, o Brasil, a Rússia e a África do Sul e uma serie de países mais pequenos crescerem ao longo dos próximos anos, emergirão novos pontos de tensão entre eles. Fricções nacionais, mudanças climáticas, disputas comerciais, degradação ambiental e doenças infecciosas podem todas ir existindo subterraneamente até surgir uma crise.

A resolução de tais problemas e o fornecimento de bens públicos globais, exige um moderador, um organizador, um líder.

A grande pergunta que se impõe é quem e como se irá exercer essa liderança?

Serão os Estados Unidos capazes de afirmar essa nova liderança?

Tendências macroeconómicas preocupantes dos Estados Unidos

Nos Estados Unidos a taxa de poupança é nula e tem caído ao longo das últimas duas décadas, o défice das transacções correntes, o défice comercial e o défice orçamental são elevados, a média do rendimento está estagnada e o endividamento privado é alto.

O mais preocupante é que os Estados Unidos pediram emprestados uns 80% das poupanças mundiais e usaram-na para consumo. Dito de outra forma, eles venderam activos aos estrangeiros para comprar bens consumíveis.

Nos últimos trinta anos, os Estados Unidos tiveram as menores taxas de imposto sobre o rendimento das empresas de entre os principais países industrializados. Hoje têm a segunda taxa mais elevada. As taxas dos Estados Unidos não subiram, a dos outros países é que desceram.

Os custos médicos e de seguros por trabalhador nos sector da Industria é bastante superior aos dos outros países industrializados, o que se constitui como uma desvantagem competitiva. Mais grave ainda é que os americanos perdem o sistema de saúde, se perderem o emprego.

Se o sistema económico tem sido o seu ponto alto, o seu sistema político está a ser o seu ponto fraco. Qualquer progresso sobre questões fundamentais – saúde, segurança social, reforma fiscal – exige compromissos políticos entre as duas forças dominantes e tal não tem acontecido.
A economia tem problemas, a moeda está a desvalorizar-se e o país confronta-se com despesas governamentais crescentes e baixa poupança.

A nível da sua política externa os Estados Unidos têm cometido nos últimos anos diversos erros graves que mancharam e descredibilizaram a sua imagem ao nível da opinião pública mundial.

Os Estados Unidos tornaram-se uma nação consumida pela ansiedade, preocupada, com terrorista e com países malfeitores, muçulmanos e mexicanos, empresas estrangeiras e comércio livre, imigrantes e organizações internacionais. O país mais forte do mundo vê-se a si próprio como se estivesse cercado por forças que estão fora do seu domínio.

O poder Americano

A economia dos Estados Unidos é ainda a maior do mundo desde meados da década de 1880. Os Estados Unidos têm representado aproximadamente cerca de um quarto do produto mundial bruto durante mais de um século (32% em 1913, 26% em 1960, 22% em 1980, 27% em 2000 e 26% em 2007).

Os Estados Unidos gastam mais em investigação no domínio da defesa que o conjunto do resto do mundo e gastam 4,1 do seu PIB em despesas com a defesa, isto sem se arruinarem.

Os gastos dos Estados Unidos em investigação e desenvolvimento mantêm-se mais altos do que na Europa e o grau de colaboração entre as empresas e as instituições de educação não tem rival em lado nenhum do mundo.

Os Estados Unidos estiveram na liderança da diplomacia mundial durante todo o século XX. Foram eles que propuseram a liga das nações a gerir as relações internacionais após a Primeira Guerra Mundial. Eram a potência dominante no final da Segunda Guerra Mundial, quando fundaram as Nações Unidas, criaram o sistema de cooperação económico internacional e lançaram as organizações internacionais decisivas.

Em vez de criarem um império americano, aproveitando a sua hegemonia em todas as vertentes, construíram uma ordem internacional feita de alianças e de instituições multilaterais e auxiliaram o resto do mundo a reerguerem-se concedendo auxílio económico e favorecendo o investimento privado. A peça central deste esforço, o Plano Marshall, custou 100 mil milhões de euros de hoje. Durante o século XX, os Estados Unidos abraçaram a cooperação internacional, não por medo ou por vulnerabilidade, mas por confiança e força.

A modernidade tal como a conhecemos e o crescimento económico mundial que se vive actualmente, teve uma contribuição muito preponderante dos Estados Unidos e esse facto não poderá ser esquecido por todos aqueles que hoje, um pouco levianamente por todo o mundo, vão proferindo frases mais ou menos agressivas contra aquele país.

Pode-se discordar da política das últimas administrações do Estados Unidos, mas isso não poderá fazer-nos esquecer do papel importante que este país teve e ainda tem para o mundo.

A modernidade veio com a ascensão do ocidente e por isso ficou com uma face ocidental. Mas, à medida que o mundo moderno se expande e vai abarcando mais países, a modernidade torna-se um receptáculo de culturas.
Como é que os Estados Unidos poderão liderar o mundo de hoje, de certo modo ajudado a moldar por si próprio, mas construído tendo por base as características e mentalidades próprias de outras culturas diferentes?

O mundo precisa dos Estados Unidos forte a exercer um novo tipo de liderança?

Respostas às questões dadas por Fareed Zakaria

O mundo precisa da liderança da América. É preciso que os Estados Unidos continuem a ter um papel vital no equilíbrio do mundo, embora de modo diferente do que tem sido nos últimos anos.

Os Estados Unidos têm que escolher as suas prioridades. Não podem estar envolvidos em tudo. Os recursos são escassos e não podem ser desperdiçados. Todas as decisões de envolvimento em algumas causas, por mais meritórias que sejam, são uma distracção em relação às questões estratégicas mais vastas que confrontam os Estados Unidos. Por outro lado, terá que se respeitar as decisões de cada um dos países, dando-lhe o seu espaço e o direito ao seu legítimo crescimento, desde que estas sejam feitas de acordo com as regras aceites internacionalmente. Os Estados Unidos não podem cair numa armadilha imperial.

Os Estados Unidos deverão privilegiar a criação de regras, de práticas e de valores pelos quais o mundo se possa reger, em vez de tentar impor os seus interesses particulares no estrangeiro. Com essa opção, conseguirão que os novos países em ascensão, continuem a viver num quadro do actual sistema internacional. Conseguirá assim que a ascensão dos demais não se torne numa espiral competitiva descendente, com as grandes potências a tratarem livremente dos seus próprios interesses e vantagens numa forma que acabaria por destabilizar o próprio sistema.

Tudo isto implica mais do que simplesmente estar presentes em mais reuniões das Nações Unidas e assinar tratados. Quando os Estados Unidos proclamam valores universais, devem exprimir as suas posições cuidadosamente.

Washington deveria reconhecer que, se tem as suas próprias excepções, o mesmo se passa com os outros países. Ou então deveria simplesmente abandonar as suas próprias excepções. Mas não fazer nenhuma das coisas e pregar uma coisa e fazer outra é hipocrisia, o que é pouco eficiente e mina a credibilidade americana. O que tem feito nos últimos anos, principalmente durante a administração Bush, é dizer ao mundo: “Façam como eu digo, não façam como eu faço”.

Em vez de tentar jogos de equilíbrio com as grandes potências ascendentes e ameaçadoras, será preferível adoptar políticas externas que visem melhorar o seu relacionamento com estas. O objectivo dos Estados Unidos da América deverá ser, ter melhores relações com todas elas, do que quaisquer delas entre si.

Esta abordagem dará aos Estados Unidos o maior ponto de apoio possível com todas as partes, maximizando a sua capacidade para moldar o mundo pacífico e estável. Se as coisas não funcionarem bem, também dá aos Estados Unidos a legitimidade e a margem de manobra para passar para um papel de manutenção de equilíbrio.

Entre os académicos e os políticos internacionais, há uma teoria predominante sobre o modo e os motivos pelos quais a paz internacional dura. Essa teoria defende que o sistema mais estável é um sistema com um único poder dominante que matém a ordem. Mas nem todas as questões se prestarão a uma tal estabilização. Por outras palavras, a procura de uma solução de tipo superpotência para todos os problemas pode ser fútil e desnecessária. Certos arranjos de menor amplitude podem ter a mesma eficácia.

Um sistema internacional mais orgânico no qual os problemas sejam tratados através de uma variedade de estruturas e de soluções poderá criar o seu próprio tipo de estabilidade mais segmentada. Não será tão apelativa com uma estrutura de paz mais formal, enraizada e dirigida através de uma ou duas organizações centrais localizadas em Nova Iorque e Genebra. Mas é provável que seja uma ordem mais realista e duradoura.

A procura da ordem não é um problema exclusivamente americano. Se a ascensão dos demais também trouxer uma ascensão do orgulho nacional e de interesse próprio e da capacidade de afirmação, tem-se ai o potencial para produzir desordem. Ao mesmo tempo esta ascensão está a acontecer num mundo no qual a paz e a estabilidade proporcionam grandes retornos, dando incentivos às grandes potências para manterem o sistema estável. O problema é que estas potências em ascensão não têm um incentivo óbvio e imediato para resolver os problemas vulgares que o novo sistema gerará. Será por isso crucial a existência de um moderador, um organizador, um líder.


Washington precisa compreender que, gerar o apoio público para as suas posições sobre o mundo, é um elemento central de poder e não apenas um exercício de relações públicas. Há agora outros países, povos e grupos que têm acesso às suas próprias versões e redes de informação. Não vão calmamente aceitar a versão dos acontecimentos que lhe é enviada por terceiros. Washington vai ter de defender os seus argumentos, e de forma persuasiva. Esta tarefa tem-se tornado mais difícil, mas também se tem tornado mais vital. Num mundo cada vez mais democratizado, a longo prazo, a batalha das ideias é quase tudo.

Para pôr em prática qualquer destas estratégias específicas, os Estados Unidos têm de fazer um ajustamento muito vasto. Para recuperar o seu lugar no mundo, têm antes de recuperar a sua confiança. Há americanos demais apanhados pela retórica do medo.

Esperemos, para o bem do mundo, que a nova administração liderada por Barack Obama consiga implementar o tipo de liderança mundial que se adapte ao este novo mundo pós-americano e que, simultaneamente restitua ao povo americano a confiança perdida.


Serrone, 8 de Dezembro de 2008