sábado, 27 de junho de 2009

As soluções existem.


Para salvar o planeta para vida, antes de mais é preciso que o homem tenha aprendido com os erros do passado e tenha percebido que o actual rumo da actividade humana não é sustentável. Os problemas são globais e por isso exigem soluções globalmente assumidas por todas as nações do mundo, sem excepção, para que se evite e minimize os principais riscos que a humanidade enfrenta.
Como já escrevi em crónicas anteriores, em teoria é possível levar o crescimento económico e a criação de riqueza a cada vez mais regiões do planeta, preservando as condições ambientais necessárias à vida. A dificuldade em atingir esse objectivo tão ambicionado, não está na falta de soluções técnicas e economicamente viáveis, mas tão só na dificuldade das nações cooperarem globalmente entre si, para implementar essas soluções.
Na verdade, no passado recente foram dados importantes passos, tendo a maioria das nações adoptado um quadro de compromissos globais partilhados, fundamentais à criação de um futuro comum sustentável. Estou a referir-me, entre outros aos princípios que resultaram da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima mais conhecido por Protocolo de Quioto, da Convenção Sobre a Diversidade Biológica e da Declaração do Milénio que inclui os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Lamentavelmente, apesar de todos estes acordos serem apresentados ao mundo com alguma pompa e circunstância, o quadro de intenções nele contidos, tem ficado mesmo por ai, por intenções. Os Estados Unidos, a maior economia do mundo, aquela que mais tem contribuído para a insustentabilidade ambiental, não ratificaram nenhum dos tratados mencionados. As sucessivas administrações da maior potência mundial, têm-se mostrado incapazes de vencer os lóbis, sempre adversos a mudanças que eventualmente lhe possam trazer perda de domínio económico e financeiro.
Barak Obama apresentou-se aos americanos e ao mundo com vontade de iniciar o processo de mudança, falando de um novo “paradigma da economia verde”, da necessidade do estado assumir a protecção dos valores sociais, ambientais e culturais para se construir uma nova prosperidade comum. O novo presidente parece querer cortar com as amarras do passado que nos estavam a levar para o abismo, por essa razão vejo renascer a esperança. O mundo precisa de uma liderança forte que nos guie a todos no caminho da sustentabilidade. A crise económica e financeira não poderá ser um óbice, mas sim uma janela de oportunidades para os líderes mundiais se empenharem em alcançarem os objectivos globais. É necessário reinventar a forma de se efectivar a cooperação global, de mobilizar todos os governos, as organizações internacionais, o sector privado e as organizações académicas e não governamentais.
O poeta Wallace Stevens escreveu: “ Depois do não final vem um sim. E deste sim depende o futuro do mundo”. Muitos nãos vão certamente ainda ser ouvidos, disso não tenho a menor dúvida, mas ninguém consciente poderá desistir. A nossa geração tem em mãos uma responsabilidade imensa em relação às gerações futuras. Temos que aprender rapidamente a aproveitar o conhecimento científico e tecnológico e a fomentar uma nova ética de cooperação global que conjugue o bem-estar económico e a sustentabilidade ambiental.
Serrone

Sem comentários: