Estamos a viver uma crise económico-financeira profunda ou o inicio de um processo de ajustamento económico-financeiro drástico, ao qual se irão combinar outras mudanças comportamentais decisivas, tendo em vista a sustentabilidade ambiental, social e económica do planeta, nesta e nas próximas gerações?
É incontestável que, após a segunda guerra mundial e até aos dias de hoje, apesar da ocorrência de crises económicas cíclicas, o mundo assistiu a um período de progresso económico e de criação de riqueza, impar na sua história. Os Estados Unidos da América lideraram o processo de crescimento mundial, através da imposição da sua moeda e do modelo de globalização, assente na economia de mercado. Porém, a partir de uma determinada altura esse crescimento passou a ser feito à custa do aumento crescente do défice externo americano, financiado pelas economias asiáticas. A reboque da maior potência mundial, as restantes economias, passaram também elas a ser sustentadas pela circulação de divida para aquisição de bens e de serviços, em vez de ser baseada na circulação de dinheiro como sempre fora até ai. Pode-se dizer que muitos estados, empresas e famílias foram assumindo riscos excessivos para as suas capacidades, usando e abusando do recurso ao endividamento. Por outro lado, os fundos disponibilizados pela actividade económica das empresas ou pela poupança de particulares, foram canalizados para fins não reprodutivos, tais como para activos financeiros de fácil e crescente sobrevalorização, criando uma bolha de riqueza artificial, sucessivamente acumulada ao longo dos anos.
Esta semana ouvi um velhote pronunciar, com acentuado sotaque regional, uma frase que sintetiza com sabedoria popular, o que acabei de escrever no parágrafo anterior: - “Andava por aí muito dinheiro falado, mas pouco dinheiro contado”. A actual crise em que o mundo se encontra era inevitável, pelo simples facto que era insustentável manter indefinidamente a ilusão do dinheiro de acesso fácil e devido a isso, aconteceu o que todos sabemos, o colapso da circulação da dívida.
É incontestável que, após a segunda guerra mundial e até aos dias de hoje, apesar da ocorrência de crises económicas cíclicas, o mundo assistiu a um período de progresso económico e de criação de riqueza, impar na sua história. Os Estados Unidos da América lideraram o processo de crescimento mundial, através da imposição da sua moeda e do modelo de globalização, assente na economia de mercado. Porém, a partir de uma determinada altura esse crescimento passou a ser feito à custa do aumento crescente do défice externo americano, financiado pelas economias asiáticas. A reboque da maior potência mundial, as restantes economias, passaram também elas a ser sustentadas pela circulação de divida para aquisição de bens e de serviços, em vez de ser baseada na circulação de dinheiro como sempre fora até ai. Pode-se dizer que muitos estados, empresas e famílias foram assumindo riscos excessivos para as suas capacidades, usando e abusando do recurso ao endividamento. Por outro lado, os fundos disponibilizados pela actividade económica das empresas ou pela poupança de particulares, foram canalizados para fins não reprodutivos, tais como para activos financeiros de fácil e crescente sobrevalorização, criando uma bolha de riqueza artificial, sucessivamente acumulada ao longo dos anos.
Esta semana ouvi um velhote pronunciar, com acentuado sotaque regional, uma frase que sintetiza com sabedoria popular, o que acabei de escrever no parágrafo anterior: - “Andava por aí muito dinheiro falado, mas pouco dinheiro contado”. A actual crise em que o mundo se encontra era inevitável, pelo simples facto que era insustentável manter indefinidamente a ilusão do dinheiro de acesso fácil e devido a isso, aconteceu o que todos sabemos, o colapso da circulação da dívida.
Meus caros leitores, não será possível voltar a existir esperança e confiança no futuro, enquanto as dividas não forem liquidadas e, essa é uma tarefa árdua e muito prolongada que todos temos pela frente. Para se pagar as dividas, primeiro tem que se criar poupança. Esta por sua vez, implicará menos investimento, logo mais abrandamento económico e, desta sequência resultam as duas primeiras conclusões que vos quero transmitir: - Não é possível manter indefinidamente o crescimento contínuo. O modelo económico estrutural e conjuntural em que vivemos nas últimas décadas, está a esgotar-se.
As medidas que os governos dos diversos estados estão a desenvolver para enfrentar a crise, não são mais do que tentativas desesperadas para prolongar o modelo económico, mais uma vez à custa do aumento brutal dos défices, ou seja das dívida. Não vos quero transmitir uma visão apocalíptica, contudo não posso deixar de vos deixar a reflexão que a humanidade está estar perante um dos maiores desafios da sua história, porque estas medidas só irão continuar a dar a ilusão errada que é possível retomar o crescimento, o que só irá motivar o aumento da dimensão do boom final que, um dia, inevitavelmente, acabará por acontecer.
Não podemos evitar o período que se aproxima e que muitos analistas denominam de “Ajustamento Económico” e que eu prefiro denominar “Ajustamento Ambiental, Social e Económico”.
Os recursos do planeta não são ilimitados e o homem não tem feito a sua gestão sensata e equitativa, descurando simultaneamente a sua sustentabilidade. A queima de combustíveis fosseis necessária ao crescimento económico assente no modelo estrutural vigorante, têm afectado gravemente a camada de ozono que protege a atmosfera terrestre e isso vai implicar a curto prazo, efeitos irremediáveis ao planeta e provavelmente à forma como nele se vive. Os cientistas asseguram que o Oceano Árctico irá ficar sem gelo por volta dos anos 20 do século XXI e que o processo de degelo já é irreversível. A água potável é cada vez mais escassa e o ar mais poluído, em regiões do mundo onde há poucos anos seria impensável. Não obstante toda esta degradação do ecossistema, constata-se que mais de 40% da população mundial vive com menos de 2 US$ por dia. As crianças são as principais vítimas desta desigualdade lamentável e vergonhosa, morrendo diariamente com fome e doenças, aos milhares. Se fizermos uma avaliação da gestão que o homem tem feito do planeta, o saldo não poderia ser mais negativo. “Se o homem não controlar as suas acções neste planeta finito, será a natureza a controlar o homem”. Tem que se acabar com o saque injusto e insustentável dos recursos. Tem que se encontrar, desenvolver e aplicar novas soluções energéticas alternativas. Os líderes mundiais têm que perceber que as suas políticas não mais poderão desprezar os problemas ambientais e os problemas sociais. Nas próximas décadas, estes são os problemas que têm que ser tomados como prioritários pelos governos e pelas instituições mais poderosas. A economia ter-se-á de adaptar a estas novas realidades, reinventando-se a si própria, criando modelos ajustados às necessidades ambientais e sociais e não só, como até aqui. exclusivamente à criação de riqueza desigual e assimétrica. A falta de ética, a ganância, o egoísmo não poderá existir num mundo renovado e ter-se-á que desenvolver uma consciência colectiva sustentada, focada no bem comum e na sobrevivência e bem-estar global dos seres vivos.
Isto implicará obviamente, uma mudança radical de pensamentos, de consciências e de atitudes de toda a humanidade, principalmente de todos aqueles que, como nós, têm vivido no mundo ocidental e que, por isso mesmo, têm sido privilegiados relativamente a outros povos. Os primeiros, serão também os que certamente irão ter mais dificuldades em adaptar-se aos novos tempos que se avizinham. Mas será preferível e imprescindível fazer essa mudança, quando mais depressa melhor, porque a alternativa que nos é oferecida, poderá ser bem mais catastrófica para todos nós.
Serrone
As medidas que os governos dos diversos estados estão a desenvolver para enfrentar a crise, não são mais do que tentativas desesperadas para prolongar o modelo económico, mais uma vez à custa do aumento brutal dos défices, ou seja das dívida. Não vos quero transmitir uma visão apocalíptica, contudo não posso deixar de vos deixar a reflexão que a humanidade está estar perante um dos maiores desafios da sua história, porque estas medidas só irão continuar a dar a ilusão errada que é possível retomar o crescimento, o que só irá motivar o aumento da dimensão do boom final que, um dia, inevitavelmente, acabará por acontecer.
Não podemos evitar o período que se aproxima e que muitos analistas denominam de “Ajustamento Económico” e que eu prefiro denominar “Ajustamento Ambiental, Social e Económico”.
Os recursos do planeta não são ilimitados e o homem não tem feito a sua gestão sensata e equitativa, descurando simultaneamente a sua sustentabilidade. A queima de combustíveis fosseis necessária ao crescimento económico assente no modelo estrutural vigorante, têm afectado gravemente a camada de ozono que protege a atmosfera terrestre e isso vai implicar a curto prazo, efeitos irremediáveis ao planeta e provavelmente à forma como nele se vive. Os cientistas asseguram que o Oceano Árctico irá ficar sem gelo por volta dos anos 20 do século XXI e que o processo de degelo já é irreversível. A água potável é cada vez mais escassa e o ar mais poluído, em regiões do mundo onde há poucos anos seria impensável. Não obstante toda esta degradação do ecossistema, constata-se que mais de 40% da população mundial vive com menos de 2 US$ por dia. As crianças são as principais vítimas desta desigualdade lamentável e vergonhosa, morrendo diariamente com fome e doenças, aos milhares. Se fizermos uma avaliação da gestão que o homem tem feito do planeta, o saldo não poderia ser mais negativo. “Se o homem não controlar as suas acções neste planeta finito, será a natureza a controlar o homem”. Tem que se acabar com o saque injusto e insustentável dos recursos. Tem que se encontrar, desenvolver e aplicar novas soluções energéticas alternativas. Os líderes mundiais têm que perceber que as suas políticas não mais poderão desprezar os problemas ambientais e os problemas sociais. Nas próximas décadas, estes são os problemas que têm que ser tomados como prioritários pelos governos e pelas instituições mais poderosas. A economia ter-se-á de adaptar a estas novas realidades, reinventando-se a si própria, criando modelos ajustados às necessidades ambientais e sociais e não só, como até aqui. exclusivamente à criação de riqueza desigual e assimétrica. A falta de ética, a ganância, o egoísmo não poderá existir num mundo renovado e ter-se-á que desenvolver uma consciência colectiva sustentada, focada no bem comum e na sobrevivência e bem-estar global dos seres vivos.
Isto implicará obviamente, uma mudança radical de pensamentos, de consciências e de atitudes de toda a humanidade, principalmente de todos aqueles que, como nós, têm vivido no mundo ocidental e que, por isso mesmo, têm sido privilegiados relativamente a outros povos. Os primeiros, serão também os que certamente irão ter mais dificuldades em adaptar-se aos novos tempos que se avizinham. Mas será preferível e imprescindível fazer essa mudança, quando mais depressa melhor, porque a alternativa que nos é oferecida, poderá ser bem mais catastrófica para todos nós.
Serrone
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