sábado, 9 de agosto de 2008

Dia 9 de Agosto de 2007, o dia em que a crise chegou à Europa

A noção de tempo datada em dias, meses anos, décadas e séculos é puramente cronológica e foi definida pelo homem, muito milhões de anos depois do aparecimento de vida na terra. Talvez por isso, nunca fui pessoa dada a dar muita importância às datas. O que importa verdadeiramente é que as ocorrências e os respectivos registos vão ficando impressos na história, podendo em alguns casos, projectar-se sem apelo nem agrave no nosso futuro comum.

Não poderia deixar passar o dia de hoje, precisamente um ano decorrido desde que a crise financeira chegou à Europa. Nessa data, o BPN Paribas, o maior banco francês, congelou três fundos de investimento fortemente ligados ao mercado imobiliário dos Estados Unidos. Nesse mesmo dia o Banco Central Europeu injectou 95 mil milhões de euros numa tentativa de repor a liquidez.

A que se devia tão grande turbulência nos mercados financeiros europeus?

Um dia antes, havia eclodido o colapso do crédito hipotecário de alto risco na maior potência económica mundial, denominado a "Crise Suprime".

Um ano decorrido, interessa registar resumidamente o balanço dos efeitos da crise do “Suprime” no sector financeiro, precisamente o sector que esteve na origem da crise:

“ Os bancos de todo o mundo cortaram cerca de 100.000 postos de trabalho. As perdas assumidas até agora pela banca ascendem a 320.000 mil milhões de euros (495 mil milhões de dólares), dos quais 45% verificaram-se na Europa.” Mas o FMI assegura que as perdas totais irão ascender a um bilião de dólares. Isto quer dizer que, segundo o FMI, as taxas de juro que acabaram de atingir máximos históricos, irão levar cerca de uma ano e meio a atingir o máximo de magnitude no final de 2009 em diante. A concessão de crédito às empresas e às famílias foi largamente dificultado e é cada vez mais caro, o que só por si, afecta directamente o investimento e o desenvolvimento económico.

A Citigroup e Merrill são as instituições mais afectadas pela crise do “Suprime”. Juntos perderam 69 mil milhões de Euros desde Agosto de 2007. Na Europa e o Banco Suíço UBS foi que mais perdeu, cerca de 25 Milhões de Euros.

Hoje as perspectivas para o futuro não são nada animadoras. Pode-se esperar a continuação da subida das taxas de juro na zona euro, a continuação de falta de liquidez nos mercados de crédito, spreads demasiado elevados, continuada redução dos lucros da banca, continuado agravamento da inflação, dificuldades de acesso ao crédito de empresas e particulares, redução da actividade económica e consequente aumento do desemprego.
Serrone

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